sábado, 9 de julho de 2011

FODA-SE por Millor

Foda-se, por Millor Fernandes

 O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional a quantidade de
foda-se! que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito dofoda-se!?  O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.
- Não quer sair comigo ? Então foda-se!
 
- Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo? Então foda-se!.
 
O direito ao foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.
 
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
 
É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
 
Prá caralho, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que Prá caralho?
 
Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho, o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho, entende?
 
No gênero do Prá caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso Nem fodendo!.
 
O Não, não e não! etampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade Não, absolutamente não! o substituem.
 
Nem fodendo é irretorquível, e liquida o assunto.
 
Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo: Marquinhos presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!.
 
O impertinente se manca na hora!
 
Por sua vez, o porranenhuma! atendeu tão plenamente as situações  onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o  justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente
 impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano  profissional: ele  redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!.
 
O porra nenhuma, como vocês podem ver, nos provê sensações de  incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia  e justa denúncia pública de um canalha.
 
São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, repone e mais  recentemente, o prepone - presidente de porra nenhuma.
 
Há outros palavrões igualmente clássicos.
 
Pense na sonoridade de um Puta-que-pariu!, ou seu correlato Puta-que-o-pariu!,  falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...
Diante de uma notícia irritante qualquer puta-que-o-pariu! Dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
 
E o que dizer de nosso famoso vai tomar no cu!?E sua maravilhosa e reforçadora derivação vai tomar no olho do seu cu!.
 
Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
 
Chega! Vai tomar no olho do seu cu!.Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai a rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.
 
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: Fodeu!.E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!.Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? Fodeu de vez!.
 
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!!!
 
Millor Fernandes

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